Grandes Objetivos

Grandes objetivos

Verdades espetaculares

A euforia do êxito

E a fortuna que é produto

De seus depositários

Literatura Barata

Encontrarei a felicidade
Pelos caminhos tortos que a vida deu
Terei fé, e com coragem
Encarar os desafios de deus

Mentira
Isso é final de literatura barata.

Engolidor de Vidros

Na TV um freak show

Exibe um engolidor

De vidros quebrados

Não desligo

Capto uma estranha correlação:

Aquele caco sou eu

Nas entranhas dela, estilhaçado

Juiz da felicidade

Procuro suspeitas

De bom humor

No seu estado de espírito

Não quero o juizado da sua felicidade

Mas dói

Se o cara que com quem fica

É melhor que eu

Não me habituo à minha pequenez

Passarinho Amarelo

Passarinho amarelo

Bica no chão um cisco

Raspando os pezinhos na terra

-O que bicas no chão imundo, passarinho?

- Um resquício de migalha dela

Ponto de Equilíbrio

Saco da memória

Um momento X do passado

Calculo qual teria sido

O ponto de equilíbrio

De nosso desígnio

Quantificando 

A depreciação linear dos envolvidos

Concluo a inviabilidade do projeto

Vagabundas

Vagabundas por aí
Existem várias
Vagabundos que as amem
Como eu
É que são raros

Eus Designificados

No mundo passado

A extravagância de Nero

Queimou os cristãos

Num genocídio

Torpe e multiqualificado.

Nos dias presentes

Egos de internaltas

Entram em combustão

Em perfis azuis

De “eus” desigificados

Não gosto de futebol

Não gosto de futebol

Não escuto samba

Nem pulo carnaval

Gosto de video games

Escuto rock n’ roll

E prefiro o cinema francês

Mas o pardo da minha pele é puro patriotismo

Profissão de Fé IV

Não tenho medo de me expor
Quando eu escrevo
Em algum momento
Todos já fomos ridículos
Só decidi me banalizar

Profissão de Fé III

Não tenho inspirações parnasianas
No calor do ciúmes
Quebro na parede
Qualquer vaso chinês

Subpapéis

Quem tentou criar um novo roteiro

Não enganou o espectador esperto

Que reconhece de cara

Os papéis manjados

Da dramaturgia barata

Que sempre há de ter um mocinho

Um vilão sem caráter
Uma empregada negra

E o mesmo coadjuvante

Cobrindo lacunas

Em pequenos subpapéis

Nunca quis

Nunca quis te controlar
Mas achei que fosse só minha
Nunca amei outra pessoa
Mas achei que você sabia
Nunca quis te abandonar
Mas quis algo que você não tinha

Quer saber?

Quer saber porque erro?

Porque dou mancadas?

Pisadas na bola?

E exagero, e sou grosseiro?

E das incertezas, indelicadezas, estupidez...?

Quer saber?

Sabe porque te humilho, às vezes, dou vexames?

I want you so bad.

Hoje não

Hoje me ocorreu uma coisa;

Pensei que poderia ter acontecido algo de ruim com a gente

Não por mal, ou coisa parecida 

Nossos motivos são um suspense...

E pelo amor de deus, não encare como critica

Que não tenho queixas

Eu é que peço desculpas!

Mas talvez hoje eu te ferisse por ciúmes naquele aniversário

E  verbalizasse

E haveria algum descuido meu

Quanto sou desastrado

Como na festa do nosso amigo ano passado

Pensei que se juntos, não me sentisse tão à vontade

E talvez te machucasse sem querer

Na frete dos outros, te diminuísse

E nossos astros se desalinhassem

Pensei que talvez a gente brigasse

Apenas de saudade, como já fizemos

- Mas não. Tivemos um ótimo dia apesar do outro -

Erros do passado

Não aprendi nada com os erros do passado

E você se esforçou muito

Compreendi em você sutilezas do feminino

Captei lições que a vida inteira não pode ensinar

Houve momentos em que eu lembrei de você

Houve dias em que meu mundo acabou

E eu morri

Só porque não viveria sob o fardo do mal que te fiz

Desculpe...
Pepino torto que sou, acho que desaprendi

Mas dessa vez foi ela quem errou, juro!

Eu só comi

Garota tímida 26 anos

Garota tímida 26 anos
Magra quase sem curvas
Não usa maquiagem
Nunca namorou
Diz que não gosta de gente
Faz pouco caso
Comentam por aí que é gay
Aposto que posso dar-lhe um orgasmo

Profissão de Fé II

Autenticidade não é meu objetivo
Quão menos métrica e rima
Não crio filosofias
Nem quero te enganar
Escrevo versos
De quem implora

Qualquer mulher

Ora
Qualquer mulher que domine
Algo em torno de 80% do market share
De qualquer seguimento
Como o de machos adultos ricos
Não há de agradar seus investidores

Fotos quase nua no Facebook

Fotos quase nua no Facebook
Um álbum só de sainha
Uns olhares fixos
Uns soltos demais
Tatuagem no coccix
Lábios sensuais e uma piscadinha
Que delícia

Mas quando descobri
Era virgem

Profissão de Fé

Às vezes começo do fim
E vou para o começo
Às vezes do começo para o fim
Minha poesia é assim

Geração Y

ñ se preocupe
ñ me estenderei
pra além de um tweet
sei q hj em dia é a assim
afinal, geração Y
o q trazes pra mim?

Quem me vê pardo e maltrapilho
No banco do ônibus
Não da nada por mim

Já quem me vê atrás de um palanque
Bem vestido e preparado
Tampouco

Veem logo que não é ninguém não

Dormindo com Fantasmas

À noite, quando a luz apaga

Sei o que me espera

É noite de mortos-vivos

Eis que invadem o quarto

Fantasmas muito familiares

Chamo-os pelo nome:

-Vá embora Joana a Louca

-Hoje acordo às seis

Natal Só

                                                                 

                                                                

                                                                23 de dezembro de 2012

                                                                A dois dias do natal

                                                                Eu me lembro do ultimo:

                                                                Sumo às 22h na véspera
                                                                Não dou satisfação

                                                                Desligo o celular

                                                                E chego torto

                                                                Às 8h da manhã do dia seguinte

                                                                Sua família se ofende.

                                                             
                                                                -Me perdoa?

                                                                Splash

                                                                -Nunca!

                                                                Fico sozinho

                                                                Esse ano sem ninguém

                                                                Com quem trocar

                                                                Humilhações natalinas

Coração Rasteiro

Tenho a imaginação rasa 

De uma lâmina d'água

A razão é meu mundo tangível

Gasto os dias no escritório

Mas não rasgo um papel

Se não for sensato

Quem olha para mim não vê,

Senão, alguém razoável

E o que haveria?

Rezo todas as manhãs 

Uma prece sem louvor

Distribuo risos por onde vou

E levo um coração rasteiro

Platonismo de Araque

Platonismo de araque

O meu é uma piada

Tesão reprimido

Tempo de sobra
A caminho de casa
Andando no escuro

Topo com putas, trepo
Sem distinção

Engulo depressa meu Rivotril

Sem emoção

Trituro no lóbulo

A paixão pueril                                                                              E vou dormir quase em paz

Morro contigo na Capital

Você quer ir pra Capital?

Já tenho as malas prontas

Consultei os classificados

Larguei meu emprego

Acho que vamos de carro...

Planejei tudo

O que vamos precisar

Acredite em mim

Posso ser humilde

Caibo em qualquer cantinho

Basta que me diga

Você quer?

Período Baixo

Era um período baixo

Pensei que fosse...

No fim foi o que eu disse

Quando me perguntou:

-Foi depois do verão?

-Naqela festa que não pude ir, não foi?

-Diga que foi! Foi nessa cama?

-Na nossa cama?

-E quantas vezes? Quantas?

Jurei que não... não responderia

Mas vi nos olhos que ela sabia

Entro no Facebook e vejo

Entro no Facebook e vejo:

Alguém compartilha a miséria do mundo, curti

Alguém que expõe a própria miséria, comentei...

Vários felinos bonitinhos

E só penso em enterrá-los vivos