quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Agora é tarde


Agora é tarde

“A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas...tem de ser...
Amor?...- chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa.”
(Manoel Bandeira)

E me vi
diante das cinzas
da paixão incendiária,
alimentada de Napalm

Da matéria
restou a cova rasa
e a aflição profunda
que ainda velo antes de deitar

Hoje num pesar
solitário e metafórico
a figura do leite derramado
como nunca
me fez sentido
o houve dentro esvaeceu...
meu sêmen desperdiçado no ralo.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Bang Bang














Assim nos vestimos 
para o ultimo encontro:
um com armas até os dentes
outro de couro colete de kevlar
encarados no quarto
pareados para o duelo de bang bang
Que não faria sentido

Suspense pairando no ar
Silêncio...
Parece que vi no espaço entre nós
passar uma planta rolante...
e ao menor sinal um disparo
e ao disparo um revide
e cada um caiu de um lado
sem tempo pro último desejo
só uma vontade vaga
intenção inexplicada
de estarmos de novo nús

sábado, 5 de janeiro de 2013

O Flautista Fajuto


Não se queima a casa 
pra se livrar dos ratos

Queimamos

De que outra forma se 
combate uma infestação?

Quiséramos que 
como no conto
com encantamento

Mas o fogo terá 
cem anos de duração
e tudo o que lá habitou
será também extinto

Por novos tempos 
esperarei riscando 
a parede religiosamente
a contar os dias
na esperança de que
noutra data
noutra casa
com outra flauta
doce enfeitiçada

-Que não a de Hemelin-

Meu entoar atraia
então uma lagarta
listrada que após 
longa incubação
aguardada eclodirá
com a esperança
de um novo mundo
renovado das cinzas
nosso eterno amor
contido em crisálida

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Um corpo que cai


Do auto da torre do sino
Um susto
Um tropeço
Um grito
De baixo, o estampido

Cai a vítima do amor
Cumplice do homicídio
Morta
E acaba o filme.
Mas qual seria a sorte de um outro destino?
Pergunto a Hitchcock
...inútil questionar o diretor

Do alto de suspenses reais
Meu ego
Meu erro
Meu orgulho (ferido)
De baixo, o estampido
E a vida se prolonga sem direção

Esbarrada

Por favor, não me incrimine
Que não foi minha culpa
Nem me venha com julgamento moral
Só deus sabe como excita
Uma esbarrada finjida no pau